Caricatura da intolerância.

Caricatura da intolerância.

Caricatura da intolerância.

26/03/2021


Uma particularidade comum à época da Reforma Protestante é, muitas vezes desconhecida de muitos historiadores: as violentas caricaturas alusivas à figura do papa e da Igreja Católica. Uma delas nos parece bastante interessante: no fundo do desenho, aparecem três homens vestidos como mártires, segurando suas cruzes. No detalhe, seus seguintes nomes: Melanchton, Lutero e Calvino. No centro do desenho, uma besta gigantesca, representando o demônio, abre uma enorme boca, e dentro dela, engole o papa e toda sua corte do Vaticano. Mas há outras: em outro desenho, num prato da balança aparecem o papa e os sacramentos e símbolos da Igreja, enquanto no outro lado da balança, o peso da Bíblia. Quando medidos, a balança da Igreja parece leve demais, enquanto a Bíblia pesa tanto, a ponto de colocar o papa lá em cima. E ao lado, os reformados comparando o peso da balança, tiram a seguinte conclusão: a Igreja pesa menos, ou seja, não vale muita coisa, na opinião dos protestantes. Sem contar outras, alusivas a denúncia de torturas, execuções e perseguições dos católicos contra os protestantes.

Neste aspecto, os protestantes foram grandes satíricos de imagens caricaturais do catolicismo, inclusive, verdadeiros criadores de imagens exageradas, alusivos à inquisição e a própria cúpula da Igreja. Que algumas caricaturas possam aparentar ofensiva aos católicos, e embora os protestantes não fossem um poço de santidade e tolerância, a Igreja Católica, em parte, contribuiu para sua imagem de perseguidora e intolerante dos reformados.Se a Igreja não era poupada nos desenhos, que dirá da monarquia absolutista? O rei Luis XIV, “o Sol”, foi ridicularizado em várias caricaturas. Uma delas diz respeito às suas investidas amorosas: o rei, passando a mão na bunda das condessas e no seio das marquesas. Outras, alusivas às suas guerras caras e onerosas para a Franca. Em particular, uma moeda cunhada pelos detratores do rei, homenageava seus fracassos no campo de batalha: veni, vidi, sed non vici (vim, vi, mas não venci!). Não se fala aqui de uma sociedade democrática, mas de uma sociedade religiosa e cujos poderes monárquicos eram vistos em torno do sagrado.

Os protestantes não fugiam também das críticas. Em particular, a fama mais comum do protestantismo é o puritanismo hipócrita. Da mesma forma que um padre era visto como um mercador, a mesma fama pegou aos pastores protestantes. Raramente se poupou caricaturas de pastores desonestos e charlatões ou mesmo o mercantilismo das igrejas protestantes. As piadas entre católicos sobre os protestantes, além das provocações sobre as origens obscuras do luteranismo, são particularmente famosas. Mesmo assim, a sátira é muito mais velha do que se possa imaginar, e, em específico, as caricaturas refletem uma certa dose de humor do ridículo, que é denunciado pelo riso. É a velha máxima Ridendo Castigat mores (rindo-se, castigam-se os costumes).

Contudo, essa tradição libertária, marcante no ocidente, e também comum em alguns outros povos, está sendo ameaçada pela estupidez e pelo fanatismo. Algumas caricaturas de Maomé, relacionadas com os homens-bomba, publicados em jornais dinamarqueses, escandalizaram os islamitas, a ponto de provocar uma reação violenta e brutal do mundo islâmico contra a Dinamarca e o ocidente em geral. Os islâmicos destruíram várias embaixadas na Dinamarca e queimaram publicamente a bandeira do país, tudo para hostilizar uma charge que, malgrado a aparente ofensa, a reação foi desproporcional. O interessante da manifestação islâmica é a sua visível hipocrisia e a hostilidade, não tanto contra a Dinamarca, mas contra o ocidente como um todo. Tal pretexto surgiu para condenar, juntamente com as charges, a liberdade de expressão e a democracia no mundo ocidental, para justamente promover as tiranias islâmicas! Isto porque até agora ainda não se entende o porquê da relação de ódio contra Israel e Eua repetida a exaustão por causa das charges satíricas. A não ser, claro, que tais manifestações foram pretextos justamente para arregimentar o ódio antiocidental!

Na prática, os protestos serviram como um mecanismo de pressão e marketing dos lideres islâmicos, para agredir o ocidente. Serve, na prática, para perceber o quanto o poder islamita cada vez mais está dominando o mundo ocidental, já que líderes islâmicos podem decretar qualquer turbulência no mundo, ainda que alguns paises estejam fora de sua soberania. Quando um aiatolá iraniano decreta uma “sharia”, exortando o assassinato de um dissidente fora de sua soberania política, como o escritor Salman Rushde; quando o decreto de ímã islâmico pacifica uma comunidade árabe na França, à revelia dos próprios franceses; ou quando nações livres e democráticas como Dinamarca e Holanda são ameaçadas por uma comunidade estrangeira hostil, que vive às custas da democracia que os acolhe, e ao mesmo tempo adota precisamente as leis de uma nação estrangeira, em nome de uma visão deturpada de fé religiosa, mal se percebe que há um imperialismo político, que existe uma lei imposta acima da soberania das nações, pelas nações islâmicas. Muitos paises ocidentais e até o papa caíram no jogo de chantagem.


O islamismo moderno é tão visivelmente totalitário, que o Irã e alguns outros países islâmicos exigiram que a pobre e liberal Dinamarca pedisse desculpas pela “ofensa” aos símbolos religiosos do Islã, como se a imprensa dinamarquesa tivesse alguma ligação com o Estado dinamarquês. Em paises islâmicos, a imprensa é sempre a vontade do poder do Estado, ditador, do monarca ou do Aiatolá. Se for analisado pelo prisma das charges, além de elas serem inofensivas, ela retratam com uma certa ironia, a ligação criminosa que grupos muçulmanos fazem do Islã com o terrorismo. A crítica central das charges não é em si o islamismo, e sim o uso da religião com práticas terroristas. Quem pode negar uma certa dose de riso e denúncia ao uso do Islã, quando Maomé é visto com um pavio curto na cabeça? Ou quando Maomé, nas portas do céu, diz que faltam virgens para tantos mártires? Porém, o que espanta é a desproporção das manifestações islâmicas. Causam violências e ameaças por causa de umas caricaturas de Maomé, mas não vêem nada de errado que o próprio Maomé seja usado como justificativa para as práticas mais infames, mais cruéis e mais desumanas do terrorismo contra civis, principalmente crianças e mulheres. Ademais, as charges islâmicas são muito mais inofensivas do que as caricaturas publicadas em países islâmicos, a respeito dos judeus. As caricaturas antijudaicas retratam fielmente as sátiras nazistas anti-semitas da Alemanha dos anos 30, retratando o judeu de nariz adunco, capa preta, tal como os askenazes de língua iídiche.

Recentemente o Irã abriu concurso sobre charges relacionados ao holocausto judaico. A desproporção aqui é grosseira e desonesta: islâmicos podem debochar e ironizar a tragédia judaica, inclusive mentindo historicamente ao negar o holocausto, porém, caem na histeria insana quando são retratados como terroristas. Os islâmicos podem exigir respeitos exclusivos e diferenciados para sua fé, e, no entanto, são incapazes de respeitar a fé religiosa alheia, perseguindo cristãos e judeus em países muçulmanos, e, pasmem, em países de fé cristã e judaica! Os islâmicos podem mentir, manipular, oprimir, matar, em nome de suas crenças pervertidas. Em contrapartida, o ocidente não pode ver com maus olhos, as investidas dos muçulmanos, porque soaria discriminatório, coitadinhos! Os líderes islâmicos podem legalizar as formas mais injustas, mais opressivas e mais escabrosas de tirania, inclusive falsificar o uso do islã, porém, criminosa é a liberdade do ocidente. Virtuoso é o despotismo do mundo árabe, o terrorismo e o assassinato de civis inocentes, sejam eles cristãos, judeus e até islâmicos.

É lamentável que a pobre Dinamarca tenha ficado sozinha, num momento em que o ocidente deveria se unir para defender seus valores mais genuínos. Sem perceber, o ocidente mostrou sinal de fraqueza, titubeante diante de sua superioridade cultural contra o barbarismo do oriente. As investidas violentas do Islã não merecem respeito e tolerância, precisamente porque atentam contra o bom senso, a justiça elementar e contra a liberdade humana. O preço da liberdade é a eterna vigilância. O ocidente deve estar armado para os inimigos de sua liberdade e da liberdade humana em geral. A Dinamarca merece todo o apoio do mundo livre, sem o qual, é apenas o começo da ameaça a liberdade que o Islã representa! O jornal dinamarquês não ridicularizou o Islã. Os islâmicos atuais é que são as caricaturas de sua fé, as caricaturas da intolerância!

Leonardo Oliveira / Conde Loppeux

Pará, em 17 de março de 2006

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